A propósito da polémica gerada em torno da mais recente obra de José Saramago, “Caim”, numa primeira fase, acolhi com alguma cumplicidade o tema desse novo livro do nosso Nobel da Literatura, aliás tinha já abordado o assunto em 01/01/2009 (quando teci uma crítica dirigida ao meu amigo Fernando Rocha Amaral, a propósito da sua obra “Em busca de Deus”).
Essencialmente “critiquei” o Velho Testamento pelas suas mensagens de “ ira, maldade, vingança, morte e destruição” … e concretizei com algumas passagens: “ Abel e Caim, Sodoma e Gomorra, Noé e o Dilúvio, Jó, os Hebreus no Egipto, as doze pragas que os egípcios sofreram enquanto o faraó não se decidiu a libertar o Povo Escolhido, o Mar Vermelho que se abriu para os hebreus e se fechou à passagem do exército egípcio…”.
Há de facto muita dureza no Antigo Testamento e foi nesse sentido que critiquei o princípio de “olho por olho, dente por dente”. Pelo contrário, defendi o Novo Testamento, que nos mostra um Deus misericordioso e pela mensagem de paz, de perdão e de esperança que nos transmite.
Relativamente a “Caim”e à sua controvérsia, na medida do possível, acompanhei várias declarações do autor através da televisão, nomeadamente, um frente a frente com o padre Carreira das Neves e uma entrevista no Expresso com o padre Tolentino de Mendonça. Impressionou-me a clarividência de Saramago, a segurança com que defendia as suas posições e, no imediato, parecia ser ele o vencedor dos confrontos com os opositores.
Mais distanciado desse burburinho, na minha cabeça começaram a instalar-se dúvidas no que diz respeito ao tema em si e à forma como foi contestado por diversas personagens ou instituições, bem como à forma dura e firme como Saramago aparentemente vencia tudo e todos. No entanto, para mim, a determinada altura, a sua postura passou a ser encarada sob um outro prisma e a sua firmeza e intransigência adquiriu o formato de altivez, desdém e arrogância.
Segundo o autor de Caim, vivemos num regime político de liberdade em que um artista pode dizer muito bem o que lhe apetece, seja qual for o tema ou assunto versado. Achei que fazia sentido o que dizia, no entanto, quando confrontado com as declarações de um deputado europeu do PSD, de que perante tamanho “escândalo”, deveria renunciar à cidadania portuguesa, interrompeu o jornalista e disse que esse assunto não merecia sequer ser abordado, já que não comentava frases estúpidas qualquer que fosse a sua proveniência.
Este episódio fez-me lembrar uma brincadeira de crianças antiga e penso que ainda actual, que eram as “caçadinhas” em que um jogador tentava apanhar os outros que corriam e escondiam-se para evitarem ser caçados. Em última instância, o fugitivo, prestes a ser “caçado”, recorria ao argumento de estar em “casa” e dizendo esta palavra ficava automaticamente salvo do perseguidor, já que “casa” era terreno neutro onde ficava em segurança.
Quis-me parecer que Saramago recorreu a esse velho truque da “casa” quando a citação do tal deputado batia em algo que certamente o magoava. Mas então não vivemos num país livre, em que já não há fogueiras em S. Domingos? Em que somos livres de dizer o que quisermos? Em que a liberdade de expressão é um direito para todos, ou será só para alguns usarem segundo a sua conveniência. Na iminência de serem apanhados recusam-se terminantemente a falar sobre o assunto.
Eu, como pseudo-autor, escritor ou artista, não poderia dizer nestes minhas artísticas frases, que a mãe de Saramago era uma p… o pai era um c… e por aí fora? Sou livre e posso dar expressão aos meus pensamentos, às minhas dúvidas ou devaneios, no entanto não o faço, porque mesmo em liberdade, há alguma ética e decência a preservar, caso contrário estaríamos numa anarquia no pior sentido que essa palavra possa ter.
É evidente que o senhor Saramago se esconde no seu ateísmo para ganhar imunidade contra os detractores, mas, tal como ele se afirma ateu, também posso declarar-me anti-social para não ter que dar justificações sobre aquilo que penso, falo ou escrevo, mesmo que sejam barbaridades.
25 de Outubro de 2009
Miguel Costa
Subscrevo totalmente a opinião deste Amigo, não vi a entrevista toda mas conhecendo a obra de Saramago e o próprio, tenho de lhe dar muita razão.
Noutro dia estava a navegar por blogs amigos e além dos posts gosto de ver os comentários que lá são inseridos. Uns muitos bons, outros bons, uns nem por isso, outros não tem nada a ver com o post e outros não se percebe bem o motivo que levou a que se pusesse ali um comentário. Mas compreendo que por sinal de respeito, independentemente da pessoa que o escreveu, já que leu o post deve-se deixar o comentário publicado.
Mas como ia dizendo, ao chegar ao Blog de um Amigo, que até apresenta uns posts interessantes, comecei a ver quem eram os blogers que lá deixavam um comentário. Espanto meu, 1, 2 ou 3 comentários, e quem? de blogers Amigos que sabem o que está lá escrito, o que aqueles posts querem dizer, enfim Amigos fiéis.
Agora pergunto: onde andam os outros blogers que durante as campanhas eleitorais fartavam-se de escrever, escrever, escrever e batiam sempre na mesma tecla? Onde andam os outros blogers agora que acabaram as eleições? Já não tem tema de conversa? Será que agora a obtusidade veio ao de cima? Será que agora ficam caladinhos a um canto a apanhar pó até as próximas eleições? Estarão a espera de ver o que este novo Governo vai fazer para poderem depois criticar e continuarem sem apresentar ideias ou soluções?
Dizia-me assim uma colega de trabalho sobre este assunto: "Há muita gente na Internet inteligente, perspicaz, que se dedicam quase em exclusividade a um tema, quando lhes colocamos a frente algo diferente acobardam-se, calam-se, não comentam, ou então passam apenas para dizer Boa Noite. Ainda há muita gente em que mentalidade aberta significa traumatismo craniano. Quem escreve sobre vários assuntos tem leitores muito dispersos, quando nos dedicamos a um tema em especifico temos tendência a ter leitores certos, diários, que deixam comentários, que se sentem ligados a nós por sentirem que temos algo em comum".
Ora, aí está o motivo do meu Amigo agora só ter no seu blog 1, 2 ou 3 comentários. O numero de visitas também desceu. Pode ser que depois do orçamento de estado ser apresentado apareçam mais visitantes, até lá espero que continue a nos brindar com os excelentes posts que tem apresentado.
Esta foi-me enviada por um amigo que tinha recebido de alguém que recebeu de outro que recebe muitas mensagens de várias pessoas que trocam mensagens entre elas que depois tratam de fazer passar para outras que encaminham para quem querem que depois ficam com vontade de enviar para todos mas não conseguem e acabam enviando só para alguns pois a caixa de correio não dá para mais e então outros vão fazendo o papel e reencaminham para muitos e assim a mensagem chega a todos que acabam por passar as outros e no fim ninguém sabe quem mandou.
Quem te avisa, teu amigo/a é...
1) Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a cantar, se vires Sócrates, põe-te a chorar.
2) Quem vai ao mar avia-se em terra; quem vota Sócrates, mais cedo se enterra.
3) Sócrates a rir em Janeiro, é sinal de pouco dinheiro.
4) Quem anda à chuva molha-se; quem vota Sócrates lixa-se.
5) Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão; parvo que vota Sócrates, tem cem anos de aflição.
6) Gaivotas em terra temporal no mar; Sócrates em Belém, o povinho a penar.
7) Há mar e mar, há ir e voltar; volta Sócrates quem se quer afogar.
8) Março, marçagão, manhã de Inverno tarde de Verão; Sócrates, Soarão, manhã de Inverno tarde de Inferno.
9) Burro carregando livros é doutor; burro carregando Sócrates é burro mesmo.
10) Peixe não puxa carroça; voto em Sócrates, asneira grossa.
17) Casa roubada, trancas na porta; Sócrates eleito, ervas na horta.
18) Com Sócrates e bolos se enganam o tolos.
19) Não há regra sem excepção, nem Sócrates sem confusão.
(autor desconhecido)
Este amigo (que as vezes até penso que é da onça) pediu-me que publicasse esta quadra (em tom de desafio, claro) e assim aqui vai, na integra como me mandaram. Diz o ditado : "A voz do Povo é a Voz de Deus" e o Povo tem muita sabedoria, por isso será bom não duvidar, nem por em causa essa sabedoria.
Hoje é o Post nº. 100, um número que não pensava alcançar tão cedo. Por certo que já o poderia ter alcançado antes se mantivesse um ritmo de escrita com alguma regularidade, mas por razões várias isso não em sido possível. Umas vezes não apetece, outras vezes há outras coisas a fazer, há visitas, há a Família que precisa da nossa atenção. Mas o que é certo é que não tenho tido pachorra e então com esta coisa das eleições muito menos ainda. Ainda bem que já acabaram, já estava farto de tanta propaganda política.
Ao fim e ao cabo virou-se o disco e ficou tudo na mesma como a lesma. Cada um canta vitória a sua maneira, as alterações foram poucas e significativas só em alguns lados.
Por cá ficou tudo igual, a Câmara é a mesma, a Junta é a mesma, a única novidade foi o Tino que, dizem os especialistas que fez uma campanha da treta pois não tinha nenhum projecto ou nenhum plano de governo (sei lá como lhe chamam), e acabou ficando a frente do BE e da CDU. Eternos candidatos falhados já batidos no assunto conseguiram o feito de serem ultrapassados em número de votos por um candidato ao qual ninguém dava nada por ele. Festa fez muita, levou muita gente aos comícios (foi tanta a curiosidade, aquilo estava sempre cheio), muita música, confetes e serpentinas, mais parecia o Guterres quando ganhou as ultimas eleições.
O nosso Presidente também não trouxe nada de novo, falou falou e não disse nada. Escutas aqui, escutas acolá, ninguem foi acusado, não se deve atirar pedras quando se tem telhados de vidro ou se tem o Dias Loureiro como Conselheiro de Estado (tinha, pois fez a obrigação de ir embora). Se quiser ganhar as próximas eleições tem de se manter caladinho e engolir alguns sapos, depois pode estrebuchar a vontade. Até lá nem um pio.
O Valentim lá ganhou novamente e o Isaltino também (parece-me que se havendo corrupção esta funcionou bem), a Fátima foi escurraçada (nem devia ter sido autorizada a concorrer e o Isaltino também), o Carlos conseguiu ganhar o último mandato na Junta e o Santos mais um na Câmara, grande dupla, e os outros todos os seguiram.
Enfim, agora vamos descansar durante quatro anos, a luta será outra.Abraços a Todos.
Já agora, Parabéns a nossa Seleção pela vitória de hoje contra Malta.
Ora aqui está uma pergunta interessante e que pode ter várias respostas conforme o lugar onde é feita e a quem é colocada.
Se esta pergunta for efectuada a um candidato às autarquicas duma cidade grande ou a um candidato duma aldeia do interior voce poderá ficar muito surpreendido. Senão veja.
Estava eu muito sossegado a ver um jogo de futebol, lá na associação da terra, quando começaram a chegar os participantes dum comício que se iria efectuar em frente a Junta de Freguesia. Foram contabilizados ao todo 109 veiculos automóveis das mais diversas marcas e feitios, ocupados com pelo menos 2 pessoas cada. Bandeiras e mais bandeiras, cornetas, buzinas à ar, foguetes, altifalantes, toda a parafernália que deve aparecer num comício, até as criancinhas para aprarecerem nas fotografias com os candidatos.
Como em todos os comícios forma-se o grupo dos candidatos ali a frente, perfilados lado a lado com os seus pares, candidato a Junta ao lado do candidato a Camara, candidato a presidente da Mesa da Assembléia, futuros vereadores, o animador contratado para o efeito e por fim aqueles que nunca podem faltar: “os graxistas”. Comício não é comício sem eles.
Bom, continuando, ora fala um ora fala outro e assim falam todos, toda gente aplaude, bandeiras desfraldadas agitam-se no ar, lançam-se vivas aos candidatos, cantam-se velhos hinos de outros candidatos que saíram vitoriosos (talvez na esperança de que tudo corra bem e que eles tambem cantem o hino no fim) e eu cá atrás a apreciar o espectáculo. Começa a debandada, tudo a entrar para os carros, toca a desfilar pelas ruas principais (2) da aldeia e arrepiar caminho para casa, que até a Vila ainda são uns 17 kms.
Nessa altura formam-se os habituais grupos de comentadores políticos, um diz que gostou, outro diz que não, um diz que vai ganhar, outro diz que talvez, outro arremata logo a dizer que não, enfim cada um emite uma opinião sobre os candidatos e sobre qual será o seu futuro político se ganhar ou se perder. Até que de repente, alguém que não consegui descobrir quem, lança a seguinte pergunta: “Quanto é que estes estão pagando pelo voto?”
Pois é, foi precisamente esta a pergunta: “quanto é que estes estão pagando pelo voto?”. Não houve, pelo menos que me tenha apercebido, nenhuma resposta naquela altura, todos partiram em direcção a Associação, que entretanto preparava-se para fechar devido a hora tardia. Mas fiquei a matutar naquilo, será mesmo verdade? Aproximei-me novamente do grupo mas nesse momento falava-se de futebol e dos resultados.
Bom, vamos embora para casa que já se faz tarde e amanha é dia de viajem, e acabamos nos juntando a outro grupo, que esse ainda falava de politica, e qual não foi a minha surpresa quando acabei por finalmente descobrir quanto vale o meu voto: precisamente 250,00 Euros.
O candidato do partido oposto estava oferecendo a módica quantia de 250,00 Euros por cada voto conquistado no dia das eleições, e parece que toda gente sabia, aquilo corria de boca em boca, todos criticavam essa atitude mas alguns diziam que era pouco, devia ser mais o valor a pagar pois afinal: “ eles vão encher-se “dele” quando estiverem no poleiro”. Admirado com a situação, pois pensava que essas coisas apenas aconteciam nas cidades grandes, como é que numa aldeia com cerca de 300 habitantes votantes pretende-se comprar os votos dos eleitores? Numa aldeia onde toda a gente se conhece, onde uns acusam os outros por dá cá essa palha?, onde a má lingua corre solta a seu bel-prazer?, onde não se pode dar sequer um peido sem que toda a gente ficar logo a saber?
No outro dia aquilo que tinha ouvido durante a noite confirmou-se, realmente era o que corria pela aldeia: o candidato da oposição oferecia 250,00 euros a quem votasse nele. Uns acreditavam na história, outros nem por isso, mas era o que se dizia por boca pequena. Meus Amigos, se é verdade ou não o que dizem só vamos saber mais tarde, depois das eleições, nas semanas seguintes. De certeza que alguns votarão nele, pelo menos a familia, e alguns incautos e ainda aqueles se vendem e depois passam 4 anos a queixarem-se que foram traídos e não cumpriram as promessas feitas. Vamos ver o desenrolar das coisas. Até lá um Abraço a Todos. E não se esqueçam de ir votar, não pelo dinheiro, mas por si e pelos seus.